viernes, 18 de marzo de 2011

Ángel Guinda: ¡De voces está llena mi cabeza!

La voz con que Ángel Guinda nos devuelve la voz. La voz en que Ángel Guinda se nos devuelve en voz.



¡DE VOCES ESTÁ LLENA MI CABEZA! Voces de aparecidos, voces nuevas, del destino, desconocidas o proféticas, voces del centro de la tierra, voces inquietantes, amordazadas, metálicas, de vidrio, voces de gas, de cloroformo; huecas voces de catacumbas, de robots, de hilo, de desmembramientos. ¡Mi cabeza es un gong, un campanario, un redoble de voces! Oigo voces que se aglomeran, atropellan, quebrantan mi quietud, se tambalean. Voces de sed, de piedra, de madera, voces del infinito, sepultadas, voces de tiempo, del abismo; voces de oscuridad, de terremotos, volcánicas, de alarma. Mi cabeza es un observatorio de voces embrujadas, solas, voces de apartamentos y palacios, de zulos, de chabolas, de tabernas, de desaparecidos, de extenuación, de guerra, de socorro, de náufragos que claman a las nubes. Veo las voces de las pesadillas. Toco voces de oxígeno, secretas, emigrantes, voces que sangran, voces esqueléticas, voces de flores, rocas, animales, voces sin tumba, voces exiliadas. Pero siempre oigo voces, voces, voces. ¡De todas esas voces está hecha mi voz!

                                                        Ángel Guinda
                                                                                (de Espectral)
                                                                     Dibujo: Federico Gallego Ripoll
MINHA CABEÇA ESTÁ REPLETA DE VOZES! Vozes de aparições, vozes novas,  do destino, desconhecidas  ou  proféticas, vozes do centro da terra, vozes inquietantes, amordaçadas, metálicas, de vidro, vozes de gás, de clorofórmio; vozes retumbantes de catacumbas, de robôs, de fio, de desmembramentos. Minha cabeça é um gongo, um campanário, um martelar de vozes! Ouço vozes que se amontoam, atropelam, violam a minha paz, oscilam. Vozes de sede, de pedra, de madeira, vozes do infinito, sepultadas, vozes de tempo, do abismo; vozes de escuridão, de terremotos, vulcânicas, de alarme. Minha cabeça é um observatório de vozes enfeitiçadas, solitárias, vozes de celas e palácios, de cativeiros, de barracos, de tavernas, de desaparecidos, de extenuação, de guerra, de socorro, de náufragos que clamam nuvens. Vejo as vozes dos pesadelos. Toco vozes de oxigênio, secretas, emigrantes, vozes que sangram, vozes esqueléticas, vozes de flores, rochas, animais, vozes sem sepultura, vozes exiladas. Mas ouço sempre vozes, vozes, vozes. De todas estas vozes é feita minha voz!
                                                
                                                     (Traducción: Giselle Unti)


No hay comentarios:

Publicar un comentario